parte dois
-Você é minha boneca bebe! Que tal a gente sair pra dar uma corrida e se sujar bastante e depois te dar um banho e te deixar linda e cheirosa? - Falei segurando o rosto dela e dando um beijo naquele fuço gelado dela. Ela soltava a língua pra fora e balança a calda, entendendo o que eu estava falando. Ela era vira-lata, toda preta e peluda, tinha algumas manchas brancas pelo corpo, eu adotei, tadinha, sofrei maus tratos, enfim, nem quis saber da historia dela. Falaram que é muito triste, só sei que dei um novo começo pra ela, começo feliz. Peguei aquela cadela gigante no colo e fiquei beijando.
-Vamos morder aquelas crianças! - Falei rindo. Fui lavar o rosto para acordar melhor, coloquei um shorts de corrida, e uma regata justa que não fique levantando, coloquei meu tênis, amarrei o cabelo bem alto e peguei a coleira da Ariel. Coloquei a coleira dela e sai de casa, ela quis correr pelas escadas, mas tive que segurar com força, as necessidades dela estavam na escada, era melhor eu sair logo antes que viessem me atormentar. Abrindo a porta do meu bloco, vi algumas crianças ruivas e o Rupert a olhando, passei pela frente dele andando e tentando parece normal, e foi bem na hora que passei um mico na frente dele. Ariel saiu com todo sua força para correr atrás de um borboleta, meu corpo pegou um impulso, tropecei duas vezes até cair e machucar meu pulso.
-FILHA DA PUTA! - Levantei com o joelho machucado e fui correndo atrás dela. -ARIEL VOLTE AQUI! - Gritava correndo ziguezagueando, ela me deu um olé feio. Ela não parava de correr daquela maldita borboleta. -ARIEEEEEEEEEEEEEEEEEL! - Resmungava, vi Rupert tirando uma ração de gato do bolso e jogando pra ela. Ela parou para comer e eu aproveitei para segurar a coleira, só que agora com a mão esquerda, pois tinha machucado com o impulso que ela tomou.
-Que olé você levou - Ele falou cocegado.
-Ah cala a boca, ela é muito... Rápida?! - Falei ofegando rápido. -Obrigada - A puxei.
-Indo caminhar? - Rupert me alcançou.
-Sim, porque? -
-Vou junto, não quero ficar cuidando desses pirralhos! - Rupert colocou a mão no bolso e saiu andando comigo.
-Sorte desses pirralhos que a Ariel não viu eles, se não ela os comia - Falei dando uma risada safada.
-Eu deixava - Rupert soltou um riso de deboche. Abri o portão com a chave, a puxei com força e encostando no meu bumbum e deixando a Ariel passar, Rupert segurou com gentileza e fechou. -Não conheço muito bem a cidade -
-Mostro - Falei olhando a Ariel, estragaram nosso passeio dude. Ficamos andando e parando para a Ariel fazer cocô e xixi. Fomos longe, quase pra metade da cidade, chegamos em uma parte que fiquei com medo. -Nunca vim pra cá - Falei parando.
-Relaxa você nem conhece a cidade - Falei brava.
-Só fica de boa - Ele falou parando e me olhando. Fomos andando por um lugar muito estranho, tinha muito mato e casinhas pequenas e feias, pessoas usando drogas, gritos.
-To com medo - Falei segurando o braço dele, a Ariel não mostrou confiança, fiquei com pavor disso tudo, teve uma hora que a Ariel me olhou feio e eu fiz uma carinha de não sei o que fazer pra ela. Passamos por esse lugar e logo saímos numa avenida muito movimentada, Ariel tem medo de carros então resolvi voltar. -Vamos ir correndo? - Falei começando a dar uma corredinha.
-Ta com medo? - Rupert arqueou a sombrancelha.
-Não, você estragou todos nossos planos - E comecei a correr, ele que se dane, deixamos o pra trás. Corri e fui para uma praça que sempre levam os cachorros. Tava cheio de cachorros, Ariel era muito briguenta com os machos e muito puxa saco dos pequenininhos. Meigo. Ficamos andando pela pracinha, ela roubou a bolinha de um pitbull, e detonou, ainda bem que o dono não viu, não queria pagar outra. Ela ja estava bem suja de terra, ela ama fica se esfregando na grama. Eu estava de baixo de uma arvore fazendo carinho na barriga da Ariel, só focada nela, se esfregando na grama. Não percebi que não estava tão dia quanto antes, começou a escurecer rapidamente o céu, e caiu um raio.
-Ah não - Falei olhando pra cima. -Melhor a gente ir - Falei me levantando e dando batidinhas na minha bunda para limpar, fui andando rápido e ela queria cheirar tudo. Começou a cair pingos de chuva e ferrou. Começou a chover e a gente não estava nem na metade do caminho, começamos a correr, meu tênis novinho estava cheio de lama, Ariel não estava mais preta, estavam marron, suja de lama. Chegamos em casa na hora que a chuva engrossou, estava gelada. Cheguei pingando dentro do apartamento, as necessidades da Ariel não estavam mais ali, mas as patinhas agora estavam. Subimos e nos limpamos no tapete do vizinho, esqueci que era o tapete da casa do Rupert. Cheguei sujando tudo até o banheiro, tirei meu tênis e minha camiseta, coloquei Ariel dentro da banheira e tirei a maioria da lama, não iria encher pra ela, ela faz muita bagunça, parece uma criança. Dei um banho caprichado nela, fui colocar agua e mais ração nos pratinhos dela, arrumei a caminha dela e fui tomar meu banho quente. Sai com a pele saindo fumaça. Terminei o banho e fui limpar tudo aquilo que sujei, até fora do meu apartamento, porque se não iriam encher muito o saco. Puis minha roupa pra lavar, e estava morta, tudo isso que eu fiz já era 19:20. Sentei no sofá e cochilei, deixando meu alarme despertar daqui uma hora. Ariel estava no quinto sono enquanto isso.